O trabalho era “pedreira”

Do Quintal | 14:49 |


Operários da Pedreira Gava (hoje Ópera) nos anos 50
Trabalhar antigamente nas pedreiras era literalmente “uma pedreira”. Até os anos 50, o transporte era feito em carroças e para quebrar os blocos de pedras eram usadas marretas.  João Gava Neto, que morreu em abril deste ano aos 81 anos de idade, trabalhou ainda criança por um bom tempo na pedreira do avô, que nos anos 90 se tornaria a Ópera de Arame. Em 2010, ele foi entrevistado pelo Do Quintal e contou a sua história:


Quando criança, trabalho duro na Pedreira.
João nasceu em 1931 no Pilarzinho. Estudou até o terceiro ano primário e aos 11 anos deixou a escola para  trabalhar no local onde seu pai, José Gava, trabalhava, na pedreira da família, que nos anos 90 se tornaria a Ópera de Arame.
No início, fazia pequenos serviços como levar os ponteiros e brocas de aço usados na quebra de pedras ao ferreiro que trabalhava na própria pedreira. Um serviço mais leve, mas extremamente perigoso, era levar bananas de dinamite para os locais das explosões.
Conforme ia crescendo, ele passou a fazer trabalhos braçais mais pesados, como transportar as pedras e quebrá-las em pedaços menores para levá-las ao britador. Como não havia compressor, elas tinham que ser quebradas na marreta. Para isso, um funcionário segurava o ponteiro enquanto um colega dava as marretadas. Um erro de cálculo poderia significar uma mão quebrada, um braço esmagado.
João trabalhou na pedreira até o início dos anos 60, quando saiu por considerar que o salário já não supria suas necessidades básicas. Já casado, João começou a trabalhar como carpinteiro, profissão em que atuou até se aposentar.
Quando falou conosco, no final de 2010,  ele morava em Araucária, fabricava artesanalmente alguns móveis e cadeirinhas para crianças, e visitava regularmente as filhas Sônia e Guiomar que continuam morando no Pilarzinho. E Silmara, que mora no Juvevê, além de Hamiltom, morador de Campo Largo.
Apesar do trabalho duro na pedreira, João Gava Neto guardava com orgulho as recordações daquele tempo. Principalmente em relação às obras feitas com as pedras tiradas dali. Uma delas foi o prédio do Hospital da Cruz Vermelha, na Vicente Machado. Ele foi um dos que ajudaram a levar as pedras para o terreno no Batel, que serviriam de alicerce para a construção do hospital beneficente, inaugurado em 1947. (DSF)

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